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Em pouco mais de um ano, polícia esclarece mais de 800 casos de desaparecimento de pessoas no Alto Tietê

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Dados da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Mogi das Cruzes são referentes ao período entre janeiro de 2021 a março de 2022. Coleta de DNA de desaparecidos e de familiares é uma das ferramentas utilizadas para investigações. Cadastro de digitais de familiares auxilia polícia a investigar desaparecimento de pessoas
Há uma semana, o desaparecimento de um idoso em Biritiba-Mirim intriga a polícia sobre o que pode ter acontecido. Uma ferramenta tem cadastrado digitais de pessoas que sumiram, para tentar ajudar na investigação.
Os cartazes trazem esperança de alguma notícia. Cerca de 500 mensagens de desaparecimento foram espalhadas nas cidades da região e até em Bertioga, no litoral. A foto é de Milton Seiche Komaba, 80 anos, desaparecido em Biritiba Mirim no dia 14 de outubro.
“Ele foi para o hospital porque um filho tinha sofrido um acidente. Aí, logo em seguida, a gente não mais teve contato dele com a família. De carro não estava mais saindo, ele saiu assim por conta mesmo de ficar muito preocupado com a situação, que era o acidente do filho”, contou a aposentada Luciana Aparecida de Aguiar Komaba, nora de Milton.
Imagens de câmeras de monitoramento mostram o carro da vítima circulando pela cidade naquela noite. Depois desses registros, Milton Komaba nunca mais foi visto, nem ele e nem o carro dele.
A preocupação e a saudade aumentam a cada dia que passa.
“Ele é uma pessoa assim amiga, sabe? Que faz a gente rir a todo momento. Ele está fazendo muita falta para a família, muita, muita falta mesmo. Assim, a gente não sabe nem… Não sei, a gente está sem rumo, sabe? Está tudo muito difícil”, disse a aposentada.
O caso está sendo investigado pela Delegacia de Homicídios de Mogi das Cruzes com auxílio de outras equipes da Polícia Civil e até mesmo com apoio da população.
“Buscas foram realizadas pela polícia, pela população, a família Komaba é muito conhecida em Biritiba Mirim. Por motociclistas que fazem trilha na região. Buscas foram realizadas também com drones, com o auxílio de drones. E até o momento, não obtivemos nenhuma informação”, explicou o delegado Ricardo Glória.
Ainda segundo ele, alguns fatores dificultam a localização da vítima.
“O seu Milton ele não se encontrava com aparelho de telefone celular. Então, não é possível a gente se utilizar de ferramenta tecnológica para tentar localizá-lo. O veículo também não era assegurado, então era desprovido de rastreador”, disse o delegado. Mas a polícia segue buscando caminhos para desvendar o caso.
“Não descartamos a possibilidade de solicitar auxílio de outros órgãos de segurança na tentativa de localizá-lo, em água ou por terra”.
De janeiro de 2021 a março de 2022, a Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa de Mogi das Cruzes esclareceu mais de 800 casos de pessoas desaparecidas. Mogi lidera o ranking com 250 ocorrências com esse perfil. Na sequência, estão Suzano, com 242, Ferraz de Vasconcelos, com 105, Poá, com 102, Itaquaquecetuba, com 63, Guararema, com 30, e Biritiba Mirim, com 25. Salesópolis não registrou nenhum caso de desaparecimento nesse período.
Ainda segundo o levantamento do DHPP, 22 procedimentos instaurados nos últimos cinco anos ainda continuam sendo investigados.
No ano passado, a Secretaria de Segurança Pública fez uma campanha nacional de coleta de DNA de familiares de pessoas desaparecidas e, esse ano, deve promover a campanha nacional de coleta de DNA de pessoas vivas sem identificação internadas em hospitais, clínicas e abrigos.
Todos esses serviços e ações trazem esperança para muitas famílias que procuram dia e noite por algum parente desaparecido. Uma família de Mogi das Cruzes vive a angústia há cerca de sete meses.
Cláudio Augusto Ribeiro, de 46 anos, desapareceu em Suzano em abril deste ano.
“Ele estava com problema de alcoolismo. Aí ele pediu, conversou com a minha irmã, tudo, com a família, e pediu que queria fazer esse tratamento. Por ele, pelas filhas, e achou melhor fazer esse tratamento. Aí minha irmã foi, conversou com ele, conversou com o patrão, aonde o filho do patrão arrumou essa clínica para ele. Foram lá, apresentou, ele foi todo animado, levou a bolsa no mesmo dia, todo animado. Passando três dias, a gente recebeu essa notícia de que ele tinha dado fuga, que ele entrou em surto e ele deu essa fuga. Só que a gente acha muito estranho, entendeu? Porque foi ele que pediu para estar fazendo esse tratamento. Ele tinha um amor, assim, incodicional pelas filhas”, contou Clea Fuzeto Lisboa, cunhada de Cláudio.
Na época, a família registrou boletim de ocorrência, fez buscas mas nenhuma pista foi encontrada.
“Desde o primeiro momento que a clínica informou que ele deu a fuga, a família inteira, mais de seis carros, motos, a filha inteira, a gente deu busca na região totalmente. Jundiapeba, Suzano, Biritiba Ussú, aqui Mogi das Cruzes, Brás Cubas, Barroso. Procuramos em lugares, câmeras de ônibus, na própria redondeza da clínica. Os próprios vizinhos da clínica puxou [imagens da] câmera, disse que não teve nenhuma imagem dele”, explicou a cunhada.
O chapéu que Cláudio usava e as roupas preferidas ajudam a família a matar a saudade. Os materiais genéticos das filhas, Estefany, e a Pamela já estão no banco de dados do DHPP da capital.
“A gente pede encarecidamente para todo mundo que puder compartilhar a foto do meu pai, se ver ele para nos avisar, porque a gente não aguenta mais esse pesadelo”, disse Estefany Lisboa Ribeiro, filha de Cláudio.
A mãe, Vera Lúcia Santana Ribeiro, de 71 anos, chora todos os dias.
“Eu espero que Deus, nosso senhor Jesus Cristo, encontre ele aonde ele estiver, do jeito que ele estiver. Que a mão de Deus mostre aonde ele está, para que a gente possa ter um pouquinho de sossego, para que a gente possa estar em paz na vida. Do jeito que ele estiver, que Deus mostre onde que ele está. Só isso que eu quero, meu filho de volta, eu quero que ele desça lá na minha casa de novo”, disse emocionada a mãe.
No caso do Cláudio, a clínica Emaús informou que prestou assistência e que foi até a delegacia, procurou, mas ele saiu sozinho sem avisar ninguém. Disse que é uma clínica terapêutica e que não prende ninguém. Explicou que o tratamento aqui é voluntário e a família sabia disso.

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