Mogi das Cruzes

Família afirma que gatos tiveram orelhas ‘mutiladas’ após serem levados ao CCZ de Mogi para castração


Prefeitura justifica que bichos foram apresentados como animais de rua e que, neste caso, a marcação das orelhas é prevista em protocolos internacionais. Caso é investigado pela Dicma. Gatos tiveram mais de 30% das orelhas cortadas em atendimento

Uma família está revoltada com o atendimento recebido por seis gatos de estimação no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Mogi das Cruzes. Os animais foram levados para um mutirão de castração e, após o procedimento, tiveram parte das orelhas cortadas.
Segundo Célia Suehiro, irmã do tutor dos pets, além de lidar com as dificuldades pós-operatórias, os gatos ainda ficaram por dias com sangramento nas orelhas. Um laudo emitido por veterinários aponta que o órgão foi retirado em mais de 30%.

A Prefeitura afirma que os gatos tiveram as orelhas marcadas porque foram apresentados como animais em situação de rua e que, nestes casos, o procedimento é feito para facilitar a identificação visual dos pets já castrados.
Apesar disso, a Secretaria Municipal de Saúde destaca que está apurando o ocorrido. O caso também é investigado pela Delegacia de Investigações Sobre o Meio Ambiente (Dicma), onde foi registrado um boletim de abuso animal (confira a nota completa abaixo).
“Eu não tinha ideia que uma coisa dessas poderia acontecer. Se me falassem que ia cortar as orelhas, eu ia falar que nem precisava castrar. Não imaginava que isso existia”, diz Célia.
Gato ficou com a orelha vermelha e teve sangramento após corte, relata família

Os gatos têm cerca de 7 meses de vida e, desde que nasceram, estão sob os cuidados do irmão de Célia. Ela narra que foram informados por uma protetora sobre a possibilidade de realizar a castração gratuita em um mutirão promovido pelo CCZ.
Pensando no bem-estar dos animais, a família decidiu levá-los para a cirurgia no dia 8 de outubro. Após o procedimento, os gatos foram levados, dentro de caixas de transporte, de volta para a casa de Célia. Ela estava com a neta de 14 anos quando descobriu o ocorrido.
“Disseram que era pra deixar eles na caixinha até 22h, pois ainda estavam sob efeito da anestesia. Mais tarde, quando fui tirar, parecia uma cena de terror. Saiu um gato com a orelha sangrando, depois saiu outro. Todos com o corte”.
“Eu e minha neta começamos a chorar muito. A gente não acreditava que tinham feito isso. Até a moça protetora que levou os gatos pra castrar ficou triste”, relembra.
Célia conta ter sido informada que a marca na orelha, normalmente, é feita após a castração de gatos de rua, o que não é o caso dos pets da família. “Graças a Deus, apesar de tudo isso, os gatos se recuperaram. A orelha cicatrizou porque eu comprei remédio, a gente passou. Mas foi muito triste”.
Consultada pelo g1, a veterinária Debora Paulino explica que o procedimento está dentro dos protocolos de Captura Esterilização Devolução (CED) de cães e gatos. Segundo ela, considerando que os felinos tenham sido apresentados como ‘em situação de rua’, a medida está correta.
“Pensando que foi uma protetora que levou, independentemente desses gatos terem uma família, não tinha como a Prefeitura saber disso. Quem encaminhou até a Prefeitura, foi essa protetora. Pensando no perfil dos protetores e a intenção de realizar a castração gratuita, é exatamente assim que funciona o projeto. Eles fazem o corte das orelhinhas como forma de identificação desses gatinhos”.
“[Serve para o caso de] eles forem pra rua, se são gatinhos de rua que foram resgatados, pra que eles tenham essa identificação visual e saber que eles já foram castrados. Em relação à Prefeitura, o procedimento é exatamente isso. Quanto a parte do corte de orelha, pode ser até 40%”.
“Pelas imagens, esse corte não está além do que poderia. Aparentemente, não passou do limite que deveria. Eu acredito é que, pela visão da família, eles estão assustados de terem deixados os gatinhos deles, levou pra castrar, e volta com a orelha, ao olhar deles, mutilada. Mas é preciso entender esse contexto”.
Confundidos com gatos de rua
Por meio de nota, a Prefeitura informou que os animais foram levados por uma protetora que os identificou como gatos de rua. Disse também que está apurando com a pessoa que conduziu os gatos os motivos que a levaram a informar que eles eram de rua, já que eles têm tutores.
Disse também que os mutirões de castração têm sido realizados mensalmente pelo Núcleo de Bem Estar Animal visando atender a uma demanda crescente no município de animais errantes, abandonados e sem tutor.
Já a Secretaria de Segurança Pública (SSP) disse que a Dicma segue com as investigações. “A equipe da unidade emitiu ofício à zoonoses da cidade para prestar os devidos esclarecimentos sobre os fatos. Diligências prosseguem para completa elucidação do caso. Detalhes serão preservados para garantir a autonomia ao trabalho policial”.

Redação on-line

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