Favela dos Sonhos, em Ferraz, ganha postes que acendem com energia solar

Iniciativa está entre os projetos que buscam proporcionar mais qualidade de vida para os moradores no Projeto Favela 3D da ONG Gerando Falcões. Favela dos Sonhos recebe iluminação
O final de semana foi de novidade para os moradores da Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos. A comunidade, que há anos vivia no escuro, recebeu novos postes de energia elétrica por meio do projeto Litro de Luz, que funcionam de forma sustentável e garantem mais qualidade de vida para quem mora no local.
A iniciativa faz parte de um pacote de soluções levada por empresas e ONGs da região à comunidade do Jardim São Lázaro. As iniciativas do projeto Favela 3D são centralizadas pela ONG Gerando Falcões. Ações que, além de melhorar o dia a dia, permitem que a população continue otimista e esperançosa com o futuro.

Um momento esperado por todos há muito tempo. Ao todo, mais de 50 pessoas entre voluntários e moradores trabalharam na instalação de postes que usam energia sustentável, como explica o presidente da Litro de Luz, Rodrigo Eidy Uemura.
“É uma organização social que leva iluminação para comunidade que não tem acesso adequado. A gente faz isso com base em soluções bem simples à base de energia fotovoltaica, solar. A gente usa materiais que são simples”.
“A placa solar capta a radiação, armazena na bateria, dentro de uma caixa hermética, e dispara nas lâmpadas de LED que ficam dentro dos canos da garrafa PET. A ideia é ser tudo muito simples”.
Segundo o presidente da organização, este projeto já atingiu mais de 23 mil pessoas nas cinco regiões do país. Em Ferraz de Vasconcelos, foram necessários vários meses de planejamento para que isso se tornasse realidade.
Postes usam energia solar e garrafa PET para iluminar a comunidade
Reprodução/TV Diário
“A gente já está aqui há dois meses mais ou menos, porque a gente veio para conhecer a comunidade, reconhecer as lideranças que ajudam e fazem todo o engajamento junto com a gente. A gente acredita que a comunidade é que vai saber melhor como fazer a atuação”.
São 30 postes, que estão distribuídos pelas ruas e vielas da comunidade. Aos poucos, as instalações vão sendo regularizadas. O diretor do Instituto EDP, Dominic Schmal, explica como o serviço reflete no dia a dia dos moradores.
“A energia tem um sinônimo também de trazer a dignidade, o bem-estar. A gente não está falando só de uma energia, uma lâmpada que ascende. A gente está falando de um bem-estar pra sociedade, uma mudança energética, mudando um pouco a relação das pessoas com a energia”.
“A energia aqui traz desenvolvimento social, econômico, bem-estar para a sociedade. Essa é a relação que a gente quer cultivar com a sociedade e mostrar o potencial e valor da energia”.
Empregabilidade e renda
Favela dos Sonhos, em Ferraz de Vasconcelos, inaugura primeiro módulo revitalizado
Gerando Falcões/Divulgação
Em julho, o Diário TV exibiu a série de reportagens Potências da Favela, que evidenciou o rotina dos moradores, as dificuldades e os trabalhos realizados pela Gerando Falcões. De acordo com a ONG, a Favela dos Sonhos é o lar para quase 700 pessoas e, há cerca de um ano, o índice de desemprego era de mais de 70%. Atualmente, o índice está na faixa de 13%.
O projeto Favela 3D tem o objetivo de transformar a comunidade em um local digital, digno e desenvolvido, livre da pobreza e com qualidade de vida. A iniciativa começou em fevereiro deste ano e estabelece metas em diversas áreas, da saúde à educação, passando pela cultura e renda.
Luiz Paulo da Silva, sempre trabalhou com reciclagem. Antes ele passava o dia na rua garimpando materiais. A renda não passava dos R$ 300 por mês, que eram usados pra sustentar a família de oito pessoas. Hoje ele e a esposa trabalham no container que faz a troca de materiais recicláveis em dinheiro para compras no supermercado.
“Antigamente a gente ia para a rua. Aquilo que a gente coletava que a gente dependia. Ou seja, se a gente coletasse pouco, ia vim pouco pra gente. Se coletasse muito, a gente ia ter a renda boa. Hoje em dia não. A gente consegue ter uma renda elevada porque a gente está como empreendedor”.
Líder da comunidade, Bruno Desidério explica que por meio da parceria com diversas instituições foi possível trazer uma melhor qualidade de vida aos moradores de todas as idades.
“A gente tinha um problema muito grave aqui de energia, de combate a pobreza. A gente entendeu que a pobreza não é um fato só de falta de dinheiro. A pobreza é muito mais complexa do que isso. A Favela dos Sonhos vivia um lado muito extremo de pobreza energética”, completa
“O problema de luz a gente está solucionando isso aqui no território. Nós estamos inaugurando hoje também o parquinho da primeira infância, já com iluminação. A gente sabe que o caráter do ser humano é formado na primeira infância, então a gente está contribuindo para que sejam mais felizes, mais alegres”.
Pensar no bem-estar das crianças é a ideia do movimento que a Fernanda Morena faz parte. A ‘Unidos Pelo Brincar’ realiza ações em países como a Colômbia, México, Ruanda, além do Brasil. Com a iniciativa, crianças da Favela dos Sonhos ganharam um novo espaço que tem a diversão como prioridade.
“É muito importante a gente pensar que o brincar não é o brincar pela brincadeira. O brincar desenvolve as crianças. É uma ferramenta poderosíssima para o desenvolvimento das crianças, o desenvolvimento integral das crianças”.
“As crianças se desenvolvem em casa, na escola, fazendo atividade física, mas também brincando. Isso é uma questão muito importante. O que a gente tem que pensar é que, infelizmente, no nosso país, o brincar tem sido uma questão de privilégio”.
“Ele está centralizado em ações que são pagas ou estão disponibilizadas em bairros onde as pessoas tem acesso financeiro a isso. A gente tem que mudar isso. Toda criança precisa e deve ter acesso ao brincar para se desenvolver”.
Aos poucos, a comunidade vai trazendo o que, para muitos, até então era inimaginável. “É muito bom. Antes não tinha onde elas brincarem. O brinquedo era só aqui na rua mesmo. Não tinha um parquinho e hoje tem”, comemora a moradora Márcia Ferreira da Silva.