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Número de feminicídios no Alto Tietê em 2022 é o segundo maior de toda a série histórica, aponta SSP

Dados de 2022 indicam aumento de 350% de casos na região na comparação com 2021. A psicóloga e socióloga Marina Alvarenga acredita que a diminuição de casos passa por mudanças de comportamento. Rosana Pierucetti, presidente da OSC Recomeçar, afirma que a sociedade não deve ser omissa ao presenciar atos de violência contra mulher. Dia Nacional de Luta Contra a Violência à Mulher é celebrado nesta segunda

O Alto Tietê registrou o segundo maior número de casos de feminicídios de toda a série histórica em 2022, segundo levantamento realizado pelo g1 com base nos dados da Secretaria da Segurança Pública (SSP). No ano passado foram contabilizados nove casos desta natureza na região, enquanto que em 2017 foram 11.
Os números de 2022 na região também indicam um aumento de 350% de casos na comparação com 2021, quando foram registrados dois. Desde o início da série histórica, em 2015, quando a lei do feminicídio foi sancionada, a região contabiliza 42 casos.
No estado de São Paulo, uma mulher foi vítima de feminicídio a cada dois dias no último ano. Foram 187 mortes em 2022, de acordo com dados da Secretaria da Segurança Pública.

Após queda na pandemia, número de feminicídios no Alto Tietê volta a crescer em 2022
A cidade da região com a maior quantidade de vítimas de feminicídio em 2022 foi Ferraz de Vasconcelos, com quatro, seguido de Itaquaquecetuba, com três. Mogi das Cruzes e Suzano registraram um caso cada uma.
Das nove mulheres mortas na região por crime de feminicídio no ano passado, seis eram negras, sendo duas pretas e quatro pardas, e duas brancas. Seis vítimas tinham menos de 30 anos, sendo que uma delas tinha apenas dois anos de idade.
Em relação ao local das ocorrências, sete foram em residência e duas em via pública.
Fatores agravantes
Para a psicóloga e socióloga Marina Alvarenga, a pandemia foi um dos fatores que agravou a violência doméstica e que, principalmente, vitimizou mulheres e crianças. “Isoladas e fragilizadas, inclusive economicamente, as mulheres ficaram desamparadas. Além disso, a retração de investimentos na área de políticas para as mulheres repercutiu em mais violência. Inclui-se, ainda, o acirramento do discurso machista e de violência que cresceu no país”, disse.
A advogada Rosana Pierucetti, presidente da OSC Recomeçar, que acolhe vítimas de violência doméstica em Mogi das Cruzes, elenca o desemprego como um dos motivos que inserem as mulheres em situação de vulnerabilidade.
“Quando a mulher é dependente financeiramente do agressor, pois existe uma tensão dentro da família, agravada pelo perfil violento do companheiro ou marido, considerando que estamos saindo da pandemia que deixou boa parte da população desempregada. Também não podemos deixar de citar que a violência doméstica está diretamente ligada à imposição de poder do homem sobre a mulher, bem como a naturalização da violência no Brasil”.
Ações para mudanças
Marina Alvarenga também acredita que a diminuição de casos de violência contra a mulher passa por uma mudança de postura da sociedade.
“Para mudar tal quadro é preciso investir-se na mudança de comportamento da sociedade, o que implica romper velhos paradigmas, o que pressupõe investimentos e políticas públicas em todas as áreas, desde a educação, saúde, assistência social e cultura. É preciso conscientização de que não se trata de um problema individual, nem de uma classe social específica, mas afeta a todos. É preciso ainda investir na educação dos agressores. Essa medida é fundamental para que possamos atacar o problema na raiz”.
As Delegacias de Defesa das Mulheres (DDMs) são especializadas no atendimento às mulheres em situação de violência doméstica. A região conta com três unidades, em Itaquaquecetuba, Mogi das Cruzes e Suzano.
De acordo com Rosana, as DDMs são fruto de uma luta dos movimentos sociais de mulheres e importante ferramenta no combate a violência doméstica. Porém, ela alerta que os profissionais que atuam nestes espaços precisam ser capacitados para um atendimento humanizado.
“Não é raro nos depararmos com relatos de atendimentos desumanos e permeados de falas machistas. Dito isso, não basta existir o serviço, as equipes das Delegacias de Defesa das Mulheres precisam ser capacitadas para realizar um atendimento humanizado, não baseado no senso comum”.
A OSC Recomeçar oferece acolhimento local sigiloso que funciona 24 horas, com o objetivo de atender a mulher com ou sem filhos e proporcionar atendimento integral até que seja concedida a medida protetiva e ela possa seguir com seu projeto de vida em segurança.
Em 2022, 45 pessoas, entre mulheres com risco iminente de morte e seus filhos, foram acolhidas na organização. A presidente da OSC também ressalta que a denúncia é uma forma de combater atos de violência contra mulheres.
“A sociedade pode colaborar não sendo omissa ao presenciar atos de violência contra mulher, denunciando nos canais que são amplamente divulgados, como 180 (Disque denúncia), 190 (Policia Militar) e falando nos casos de Mogi das Cruzes, 153 (Guarda Civil Municipal)”, disse Rosana.

Redação on-line

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